domingo, 18 de janeiro de 2009

primeiro segundo

envolvendo ou não terceiros, tudo muda em um segundo. não mais que um segundo: a inspiração que faltou a meses, a idéia genial esquecida, a decisão importante, a palavra presa, o ato impensado, o tato pensado, o ônibus passando, o acidente evitável, o erro comum, o acerto incomum. a linha é sempre tênue, e nem sempre se anda na linha. o equilíbrio desequilibra. riso com lágrima nos olhos. choro com sorriso no lábio. um segundo e a chuva cai, o mundo desaba, a ofensiva, o contra-ataque, perde-se tudo, escolhem-se os números, ganha-se o mundo. o para fica parado e perde seu acento, o micro se separa das ondas. eu disse que não mudo. basta um segundo, nem precisa de terceiro, e eu mudo. não gosto desse segundo. prefiro o primeiro.

eu queria ter um homônimo e uns três heterônimos, queria continuar indo ao cinema de manhã uma vez por semana, mas só filmes bons. queria ganhar umas quatro vezes o que eu ganho e queria o loft l-i-n-d-o da buenos aires, queria ter mil idéias geniais todos os dias e esquecer de metade - e quebrar minha cabeça para lembrar, queria também um dia com 48h. provavelmente nas primeiras 336 horas (o equivalente a uma semana nessa escala) eu voltasse a nadar, fizesse yoga, lesse meus livros comprados na empolgação e começasse o meu. eu queria pegar uma mochila e rodar o mundo, mas sei que eu precisaria de umas 8754659 malas. queria conhecer todas as linguas(no sentido de idiomas, é óbvio) do mundo fluentemente. eu queria fazer um roteiro de filme, dizer alguma frase célebre e presenciar um milagre. e o mais importante: queria isso tudo num primeiro segundo.

aqui também. e mais direta e frequentemente :)