quinta-feira, 25 de setembro de 2008

café literário

fui a um café com um café mais ou menos, um ambiente legalzinho e um brinde: a cada dez reais, você dava mais quatro e ganhava um livro.
eram quatro opções.

antologia poética do vinicius de moraes era o que eu queria. sonetos, poesias, canções. tinha acabado. estava em falta.

escolhi mau humor, uma antologia definitiva de frases venenosas, do ruy castro. não tinha a autoria dele, eram citações irônicas, críticas e auto-críticas.

de repente tudo se explicou.

o amor em duas palavras.

amortecedor.

eternamente.


é ter na mente, eternamente.
amor tece dor, mas amortece dor.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

(des)classificados

procura-se um amor. também pode ser chamado de paixão, no início. de gato ou lindo, nas mensagens de celular. de tchuco ou nenem, na intimidade. de amigo, para provocar. de ex, quando vier a terminar. não precisa ser pra sempre. desde que me faça pensar, enquanto dure, que será para sempre.

não precisa ser lindo. nariz bonitinho, sorriso aberto - de olhos fechadinhos, cabelo bagunçado e com barba por fazer, para me fazer sorrir. que acostume com a barba até eu reclamar. deixe mais alguns dias pra eu xingar cada vez que me pinicar. e então tire, pra eu chamar de criança.(um desses atributos já está de bom tamanho)

procura-se um amor que me ganhe no olhar, que me faça não parar de querer beijar. que saiba me acalmar, mas também me deixar irritada - retribuindo meu mau humor com um sorriso de satisfação. que ande de mão dada e reclame, como eu, de andar abraçado. embora me deixe ficar pendurada em seus ombros de vez em quando. uma paixão que se descabele cada vez que eu não atendo o celular e que me descabele com seu cafuné. que me separe as jujubas vermelhas e o creme do seu café. que me controle, fingindo não saber controlar. que me descontrole a cada palavra doce que me falar.

procura-se alguém que me mande mensagens de surpresa no celular e que não se esqueça de me ligar. que não faça questão de 'demonstrações públicas de afeto', mas que não esconda de mim o que sente. que seja legal com os meus amigos, minha família e, também, com o garçom. procura-se um amor que me presenteie com livros, mas só depois de tê-los lido. que me apresente tantos autores que nunca li (e deveria ler) e que aceite minhas sugestões literárias. goste de kerouac, bukowski e cite leminski. mas que saiba declamar sonetos de vinicius de moraes e frases de caio fernando abreu. que seja viciado em livros pocket, ou que, ao menos, entenda meu vício.

procura-se uma paixão que invada primeiro minhas mãos, passando pelos cabelos, pele, boca e, em tempo, minha alma. que me tire o sono, apareça nos meus sonhos e, então, ao meu lado. prefiro os com pés quentinhos e sem reclamações aos meus gelados. que, pouco a pouco, me convença a gostar de flores e comece tentando com girassóis. ou cactos. me convença também a comer salada e comece tentando com brócolis. ou beterraba.

procura-se também o bom gosto musical. cheio das novidades que eu nunca ouvi. não ligo se baixar cds, desde que faça questão de ter alguns originais. pontos a mais se ainda tiver uns lps, gostar de beatles e los hermanos. que cante desafinado comigo e caia na risada quando esquecer a letra. que renove o meu ipod e me incentive a usar headphone.

procura-se um amor que beije a ponta do meu nariz. que me faça a mais feliz. que assista filme com a coberta vermelha no sofá. que me xingue a cada filme ruim que eu escolher e ria quando eu disser que foi proposital como um pretexto pra nossos beijos. procura-se alguem que me presenteie também com dvds, ainda que gravados. que goste de almodovar, woody allen - inclusive nos livros - e não xingue os filmes brasileiros. mas que também assista a uma comédia romântica comigo de vez em quando. e ah, não tenha vergonha de chorar.

procura-se alguém que entenda que o pra sempre sempre acaba. que não me encha de mágoas, só de saudade. que seja lembrança doce que ficou pra trás. que seja a vontade incontrolável que o tempo traz. que seja sempre o caminho de voltar. que deixe o tempo nos juntar. de novo e de novo.

mas acima de tudo, procura-se alguém que me convença que nada disso que procuro é necessário. que nada disso é preciso, nem preciso. que venha com uma mochila de contra-propostas nas costas. e que venha com urgência.


não aceito devoluções, mas não peço garantia. só garanto.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

the one that saves me

E eu que nem esperava mais, de repente o vejo, ali, olhando pra mim. sinto o sorriso, meu e dele. simultaneamente. não vemos os sorrisos. nem eu, nem ele. mas está lá. eu sei que está.
apesar de não ser dada a iniciativas, me aproximo como quem quer tudo - nada de quem não quer nada. todo mundo quer alguma coisa. eu quero ele.
continua parado, estático. me encara, penetra nos meus olhos, na minha pele. invade meus pensamentos, controla meu desejo, que nessa altura já é óbvio, o quero pra mim. só pra mim. sem dividir com ninguém. sem dar satisfação a ninguém.
estamos num lugar público, é bem verdade, mas não sinto mais vergonha. o que era uma vontade, já se transformou em necessidade, ânsia, desespero. quero tomá-lo pra mim. levá-lo pra longe, pra bem longe. pra dentro de mim.
já se passaram três minutos desde que o vi pela primeira vez e, eu, oras, eu continuo feito boba olhando pra ele. quero aproveitar cada segundo antes que ele me escorra pelos vãos dos dedos, como normalmente acontece com as pessoas.
não quero e não vou decepcioná-lo. já não tenho medo da decepção. somos só nós dois. e todo o mundo ao redor pouco importa.
finalmente o toco, lentamente, com a ponta dos dedos. nesse instante, a dor e a mágoa dos acontecimentos recentes começam a desaparecer. o encaro com gratidão. minhas lágrimas que não caíram, começam a secar. o nó na garganta se transforma em vontade de gritar. gritar pra todo mundo. "quero só ele, quero só ele". adeus, dor. adeus, melancolia.
e agora? agora preciso retribuí-lo. como alguém me provoca tantos sentimentos doces, e não ganha nada em troca?
é quando encosto meus lábios nele. lentamente. começando pelos cantos. dou uma mordidinha de leve. quero mais, quero mais. encosto a ponta da língua e, por fim, ela toda. como é doce. é delicioso. já me derrete pela boca. arrepio. o que era lento, começa a aumentar o ritmo. devoro tudo.
agora já não restam dúvidas, ele é insubstituível, incomparável. o melhor de tudo é que agora é só meu, ninguém pega, ele está dentro de mim.
ai ai, nada como um chocolate para uma mulher no período pré-menstrual.

sábado, 6 de setembro de 2008

só.

pra quem sempre esteve acostumada a muitas pessoas e agora prefere ficar sozinha: marcelo camelo e fernanda takai. solos.

a gente percebe que tá ficando adulto quando uma criança pega na tua perna achando ser a da mãe. se chora e pede um mc lanche feliz, é ainda mais doloroso.

a gente percebe que tá só e adulto quando quer mudar o blog por não se reconhecer mais, mas fica com preguiça.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

c tem brochove?

Hoje é terça-feira
o céu borrou a cor
ó minha mão do céu
ó meu pé do chão
Eu não ouço vocês (mais alto)
eu não ouço vocês
eu não creio em vocês
Só acredito no semáforo
só acredito no avião
eu acredito no relógio
só acredito...
Hoje é terça-feira
e o céu se põe
debaixo do tapete
um tesouro
eu não acredito, não
Só acredito no semáforo
só acredito no avião
eu acredito no relógio
acredito no coração
não, não, não
Hoje é terça-feira
e todos meus amigos voam
com olhos de anis
com asas de fogo
e meus olhos cheios
de mágoa então.
Hoje é terça-feira
hoje é terça-feira
e todos meus amigos querem morrer.