sábado, 31 de maio de 2008

Me disseram que é bom mudar...

porque agora eu estou muitíssimo bem acompanhada. e tenho dito.

prometo mais atenção aos meus. esses novinhos.

apresentando. da esquerda para a direita. café-combustível sobre o que me faz precisar dele, kerouac das idéias de sair (e viajar) sem rumo, alta fidelidade a hornby na música, o velho safado, holden caulfield (minha alma gêmea), os meninos de liverpool no melhor estilo psicodélico, aqueles que precisam voltar logo - os dois últimos juntos foram minha trilha sonora diária e, por fim, meu companheiro de ônibus, faculdade, trabalho, cama...

bem básico.
tipo hering.
:D

domingo, 11 de maio de 2008

Conversa de Anna Carolina Jatobá e Suzane Richtofen...

E se, por acaso, Anna Carolina Jatobá e Suzane Richtofen fossem colocadas na mesma cela do presídio...

visualizo anna carolina isolada, naquela cela menor que o box do banheiro de seu apartamento. sim, o apartamento daquela já famosa janela, tantas vezes mostrada na tv. o cheiro é forte, as paredes estão riscadas e sujas de sangue. sangue. como o banco do carro do casal.
um colchão muito fino de canto, praticamente sem espuma e já esverdeado do tempo, do ar da cela. até o papelão ao lado parece mais confortável e convidativo. anna carolina já não chora, mas está muito abatida, sentada com a cabeça encostada na parede.
eis que, acompanhada por 2 policiais, entra suzane richtofen, dona de um olhar perdido, o cabelo sem tinta, a roupa mal cuidada. anna jatobá ergue os olhos, só havia visto a menina pela tv e pelas páginas das revistas. na época em que não se falava de outra coisa, também a condenou. suzane também era o assunto preferido de jatobá. comentou com suas amigas, sua família e até com alexandre: "como alguém tem coragem de matar os próprios pais?!". lembrou dessas conversas. sentiu um frio na espinha.

duas horas daquele silêncio berrando aos ouvidos. por várias vezes os olhares se cruzaram, mas logo eram desviados por ambas. tinham medo uma da outra.

suzane abre a boca para falar, hesita... segundos depois solta um tímido:
- olá.
anna carolina parece não acreditar no que está acontecendo, mas responde, erguendo os olhos:
- oi.

e então começa a conversa...

Suzane - Tá quase mais famosa que eu hein?
Ana- Pois é, mas não deixei de te ressuscitar... a mídia sempre cita seu caso, ao falar do meu.
Suzane - Imagino agora, que estamos presas no mesmo lugar
Anna - As presas também te odeiam?
Suzane - O que você acha?
Anna - É... são tempos difíceis para os estudantes de direito
Suzane - E quando tem criança no meio é ainda pior, eu matei dois velhotes, pelo menos.
Anna - Você fala tão naturalmente disso....
Suzane - CLARO. vocês também deveriam ter assumido o crime, como eu fiz.
Anna fica muda.
Suzane - Antes o hospício que a prisão. Se não fosse a mancada no fantástico, eu provavelmente não estaria aqui... Vocês agiram bem na frente das câmeras, quase me convenceram.
Anna permanece muda.
Suzane - Mas e aí, o que a pentelhinha aprontou?
Anna desconversa - Você tem noticias do seu namorado?
Suzane - Não sei mais dele... é difícil ter contato né...
Anna - Tenho tanto medo de não falar mais com o Alê... preciso muito dele
Suzane - É... o crime às vezes não compensa... mas vocês mataram mesmo sua filha?
Anna - Ela era minha enteada, não minha filha. não era nem da família. E alias, quem é você pra julgar alguma coisa?
Suzane - Ei, calma...Eu fui só cúmplice. não encostei um dedo para matar meus pais.
Anna - Também não fui eu quem jogou a menina pela janela...
Suzane - E veja você, hoje é dia das mães... Quem deve se sentir mais culpada, eu ou você?
Anna - Você, é claro. Já disse que a menina não era da minha família. Você matou sua mãe.
Suzane - E você matou uma criança... uma criança como seus filhos...

silêncio. elas se abraçam.

Anna - Será que a gente sai dessa?
Suzane - Não sei, mas vamos fazer um pacto ?
Anna - hum?
Suzane - Se a gente sair dessa, você e o Alexandre me adotam.
Anna - Combinado.

sábado, 3 de maio de 2008

À la Charles Bukowski - O velho safado Buk.

pergunte ao homem tomando café na padaria da esquina
pergunte ao jornalista e
pergunte ao jornaleiro
pergunte ao vendedor de abacaxi
pergunte ao médico otorrinolaringologista e
pergunte ao cardiologista e ao pediatra
pergunte à recepcionista bonita e
pergunte à recepcionista com cara de insatisfeita
pergunte ao primeiro rosto que você vir pela manhã
pergunte ao mendigo bêbado deitado na marquise da livraria do centro da cidade
pergunte ao professor sabe-tudo e
pergunte ao professor que fale seje
pergunte a seu melhor amigo e
pergunte também a seu pior inimigo
pergunte ao vendedor de livros e
pergunte ao escritor
pergunte a mim
pergunte aos friorentos
pergunte os frígidos
pergunte ao treinador do seu time e
pergunte ao treinador do time adversário
pergunte ao cego e
pergunte também ao surdo e mudo
pergunte ao crente do ônibus que tenta te converter
pergunte à pessoa do seu lado
pergunte, se estiver sozinho, a si mesmo
pergunte ao vocalista rouco da música que você está escutando
pergunte à moça do sapato bonito
pergunta a aqueles que nunca usaram sapatos
pergunte aos tímidos
pergunte aos motoristas
pergunte a quem você sonhou na noite passada
pergunte aos que sofrem de gigantismo e
perguntem aos anões
pergunte à mulher de TPM
pergunte ao rapaz de luvas
pergunte à lista telefônica
pergunte aos gordos e
pergunte também aos anoréxicos
pergunte aos medrosos e
pergunte para o cara que enfrentou o maior dos medos
pergunte ao que nunca sentiu medo
pergunte ao serial killer
pergunte a seu pai
pergunte também à sua mãe
pergunte aos publicitários
pergunte aos mentirosos
pergunte aos românticos melancólicos
pergunte a seus irmãos
pergunte à lua e não esqueça:
pergunte também ao sol e à chuva
pergunte à primeira estrela que vir
pergunte ao relógio
pergunte à grávida
pergunte aos malandros
pergunte à capa vazia do livro
pergunte aos pontuais
pergunte ao silêncio
pergunte aos berros
pergunte sem gritar
pergunte implorando uma resposta
pergunte àquela pessoa que você queria estar sozinho com
pergunte aos sinceros
pergunte aos atrasados
pergunte aos sem-noção
pergunte ao jovem a beira da morte
pergunte a um rosto gentil
pergunte ao porteiro falastrão
pergunte ao rapaz da locadora de DVDs e
pergunte também ao rapaz da locadora de carros
pergunte ao locutor
pergunte aos sem-escolha
pergunte ao espectador
pergunte ao cara mordido por um tubarão
pergunte ao cara que jogou sua filha pela janela
pergunte aos morenos e
pergunte aos loiros e
pergunte aos morenos. não esqueça e
pergunte aos ruivos
pergunte ao poeta que rima
pergunte ao poeta que escreve livremente
pergunte aos escravos
pergunte aos Senhores
pergunte ao Senado
pergunte a quem sente saudade
pergunte aos barbudos
pergunta a seu amor platônico
pergunte aos que sabem usar crase
pergunte À aqueles que não sabem
pergunte a quem te ama e
pergunte a quem te odeie
pergunte ainda aos indiferentes a ti
pergunte aos passarinhos
pergunte a quem está longe
pergunte ao senhor com cachimbo
pergunte aos drogados
pergunte aos japoneses, chineses e coreanos
pergunte aos bilionários
pergunte aos miseráveis
pergunte àquele que nunca mais te procurou
pergunte aos que chegam e
pergunte aos que partem
pergunte àquele velho vizinho
pergunte aos acessíveis
pergunte aos imprudentes
pergunte à menina de voz doce
pergunte aos curiosos
pergunte aos não fumantes
pergunte à quem quiser, a hora que quiser, com chuva ou sol, no Rio ou em São Paulo.
pergunte aos friorentos do Sul
pergunte aos pinguins
pergunte aos que acham que pinguins deveria ter trema
pergunte aos antiquados
pergunte a quem te ama, mas não te tem e
pergunte a quem você ama e não tem
pergunte a seus favoritos
pergunte ao Roberto Carlos das duas pernas e
pergunte ao Roberto Carlos de uma perna só
pergunte aos funkeiros
pergunte aos pretensiosos
pergunte ao Diretor
pergunte aos que fazem top 5
pergunte aos canários
pergunte aos indies e
pergunte também aos emos
pergunte em uma oração
pergunte por cartas
pergunte ao carteiro e
pergunte ao vendedor de selos
pergunte aos fracos e
pergunte aos frascos
pergunte a qualquer um desses ou a todos esses
pergunte também a todos que deixei de fora
pergunte pergunte pergunte e
todos eles te dirão:



Quanto mais dizem que você não vai conseguir, mais você está estimulado a alcançar o que quer e a provar a todos o contrário.