domingo, 11 de maio de 2008

Conversa de Anna Carolina Jatobá e Suzane Richtofen...

E se, por acaso, Anna Carolina Jatobá e Suzane Richtofen fossem colocadas na mesma cela do presídio...

visualizo anna carolina isolada, naquela cela menor que o box do banheiro de seu apartamento. sim, o apartamento daquela já famosa janela, tantas vezes mostrada na tv. o cheiro é forte, as paredes estão riscadas e sujas de sangue. sangue. como o banco do carro do casal.
um colchão muito fino de canto, praticamente sem espuma e já esverdeado do tempo, do ar da cela. até o papelão ao lado parece mais confortável e convidativo. anna carolina já não chora, mas está muito abatida, sentada com a cabeça encostada na parede.
eis que, acompanhada por 2 policiais, entra suzane richtofen, dona de um olhar perdido, o cabelo sem tinta, a roupa mal cuidada. anna jatobá ergue os olhos, só havia visto a menina pela tv e pelas páginas das revistas. na época em que não se falava de outra coisa, também a condenou. suzane também era o assunto preferido de jatobá. comentou com suas amigas, sua família e até com alexandre: "como alguém tem coragem de matar os próprios pais?!". lembrou dessas conversas. sentiu um frio na espinha.

duas horas daquele silêncio berrando aos ouvidos. por várias vezes os olhares se cruzaram, mas logo eram desviados por ambas. tinham medo uma da outra.

suzane abre a boca para falar, hesita... segundos depois solta um tímido:
- olá.
anna carolina parece não acreditar no que está acontecendo, mas responde, erguendo os olhos:
- oi.

e então começa a conversa...

Suzane - Tá quase mais famosa que eu hein?
Ana- Pois é, mas não deixei de te ressuscitar... a mídia sempre cita seu caso, ao falar do meu.
Suzane - Imagino agora, que estamos presas no mesmo lugar
Anna - As presas também te odeiam?
Suzane - O que você acha?
Anna - É... são tempos difíceis para os estudantes de direito
Suzane - E quando tem criança no meio é ainda pior, eu matei dois velhotes, pelo menos.
Anna - Você fala tão naturalmente disso....
Suzane - CLARO. vocês também deveriam ter assumido o crime, como eu fiz.
Anna fica muda.
Suzane - Antes o hospício que a prisão. Se não fosse a mancada no fantástico, eu provavelmente não estaria aqui... Vocês agiram bem na frente das câmeras, quase me convenceram.
Anna permanece muda.
Suzane - Mas e aí, o que a pentelhinha aprontou?
Anna desconversa - Você tem noticias do seu namorado?
Suzane - Não sei mais dele... é difícil ter contato né...
Anna - Tenho tanto medo de não falar mais com o Alê... preciso muito dele
Suzane - É... o crime às vezes não compensa... mas vocês mataram mesmo sua filha?
Anna - Ela era minha enteada, não minha filha. não era nem da família. E alias, quem é você pra julgar alguma coisa?
Suzane - Ei, calma...Eu fui só cúmplice. não encostei um dedo para matar meus pais.
Anna - Também não fui eu quem jogou a menina pela janela...
Suzane - E veja você, hoje é dia das mães... Quem deve se sentir mais culpada, eu ou você?
Anna - Você, é claro. Já disse que a menina não era da minha família. Você matou sua mãe.
Suzane - E você matou uma criança... uma criança como seus filhos...

silêncio. elas se abraçam.

Anna - Será que a gente sai dessa?
Suzane - Não sei, mas vamos fazer um pacto ?
Anna - hum?
Suzane - Se a gente sair dessa, você e o Alexandre me adotam.
Anna - Combinado.